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Rondonópolis
, 11 maio 2024
 
 

UFR: para que e para quem?

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(*) Paulo Isaac

Com o objetivo de revelar alguns empecilhos que se apresentam à construção da Universidade Federal de Rondonópolis publicamos este, que é o terceiro artigo da série.

Quando perguntamos às pessoas o que mais as incomodam no processo de debate sobre a UFR, uma das respostas mais comuns é “a briga ideológica”. Está na moda acusar a ideologia, mesmo sem saber que ela é como “um duende que passeia pelo nosso cérebro”. Ocorre, entretanto, que o problema não é ideológico.

O que nos interessa aqui é o seguinte: em geral, as pessoas fazem uma confusão entre ideologia e doutrinas econômico-sociais. Ambas estão imbricadas, mas são duas coisas diferentes. O liberalismo e o socialismo são duas doutrinas que se contradizem.

Ambas são concepções e proposituras desiguais sobre a organização das sociedades humanas. O liberalismo é a doutrina e ideologia da classe burguesa e o socialismo da classe trabalhadora. No entanto, nenhuma delas é, em si mesma, uníssona ou absoluta.

Elas são compostas por várias correntes teóricas que divergem entre si nos diversos campos filosóficos, científicos e das relações sociais e de produção. Dentro de uma universidade, que é o espaço do Saber, todas as doutrinas são bem-vindas. Ali não existe lugar para o pensamento único, caso contrário não seria universidade e sim unicidade. Todas as instituições de ensino superior, pela sua própria natureza, devem ser pluralistas e ocuparem-se da busca pela verdade científica, progresso tecnológico, sustentabilidade ambiental, promoção social, econômica e cultural da pessoa humana.

Nesse contexto teórico, a UFR precisa se desfazer desse mal-entendido que é a polarização entre liberalismo (direita) e socialismo (esquerda). Os membros da Comunidade Universitária, especialmente seus líderes, não podem agir imprudentemente como leigos néscios. Precisam, sim, assumir o seu papel de vanguarda intelectual da sociedade, pois é por isso e para isso que o povo lhes paga.

A população da região centro-oeste do Brasil é sustentada pelo trabalho de burgueses e trabalhadores e a universidade deve servi-los de acordo com as necessidades das forças produtivas e suas condições socioambientais. Não precisa ter estudo para saber que no Mato Grosso coexistem o latifúndio e as pequenas propriedades rurais, as monoculturas e a agricultura familiar, as terras indígenas e quilombolas e as cidades com todos os problemas advindos da situação política e econômica nacional. É para essa imensa diversidade e desigualdade social, econômica, política, cultural e ambiental que a universidade precisa concentrar o seu olhar científico e apresentar soluções concretas.

Desse modo, o desafio da UFR é unir os diferentes e os desiguais para alcançar objetivos comuns; é construir um projeto educacional científico e tecnológico que impulsione, de modo inovador e socialmente sustentável, o desenvolvimento e o crescimento econômico da nossa região. Como unir os diferentes e os desiguais será o tema do próximo artigo.

(*) Paulo Augusto Mario Isaac é cientista social, escritor, professor aposentado e um dos propositores da UFR

 

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