Na curva do vento havia redemoinho
Levando poeira e muitas folhas
Parecia puxar como se tivesse punhos
Subia no ar parecendo bolhas.
Fiquei alegre esperando a chuva
Para coroar meu ardente setembro
Pois não vingou maçãs nem uvas
Já caíram uns pingos, mas nem me lembro.
A minha roça está perecendo de sede
Murchou até meus pés de quiabo
A água diminuiu nos canos e na rede
A saliva tá pouca que nem babo.
O tempo mudou ficou sinistro
Não sei explicar o que acontece
O sol destemperou, abriu o registro
Já acordo suado assim que amanhece.
Tomo meu café e oro pra santinha
Tem sido assim a rotina da semana
Vejo o céu avermelhado todas às tardezinhas
E a esperança perpétua sob minha pestana.
Vou capinando o mato esse troço insistente
Que não foi convidado e afoga meus tomates
Aparece na lavoura de forma pertinente
Mas se eu achar a raiz corta com alicate.
Sei que tão logo as nuvens formarão
Não quero chuva tempestade que seja sadia
Irei respirar melhor um alívio ao pulmão
Vai molhar o meu chão e a minha alegria.
(*) Francisco Assis Silva é poeta e militar – email: [email protected]