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, 27 maio 2024
 
 

O vento da mudança

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Em 13 de agosto de 1961 surgiu, da noite para o dia, um muro que separou famílias, amigos e esperanças. Um muro construído para durar cem anos!
Antes dele, cerca de 2,7 milhões de alemães já haviam passado do lado oriental para o ocidental.
Para quê esse muro? Se o regime comunista era tão bom como seus líderes apregoavam, porque essas pessoas o abandonavam, com risco de perseguição e morte?
Um simples e estreito muro, comparado com a enorme distância que representou; distância tão grande que milhões levaram uma vida para atravessá-lo, outros a perderam na estupidez ideológica das balas de soldados quase autômatos em sua doutrinação.
Um obstáculo à compreensão dos povos, à miscigenação de ideias; um monumento à luta do bem contra o mal, onde o bem era difícil de notar e o mal quase sempre venceu.
Aí, em 9 de novembro de 1989, o porta-voz de um governo desgastado afirmou que não haveria mais impedimento à passagem. Entre surpresos e esperançosos, milhares de alemães reuniram-se dos dois lados, pedindo a abertura dos portões a oficiais acostumados, mas também cansados de cumprir ordens à risca. Um foi aberto, seguido de outros e, de repente, não havia mais duas Berlim nem uma Alemanha dividida.
A liberdade levara mais de 28 anos para transpor alguns metros de distância!
Isso quer dizer que o capitalismo venceu o comunismo?
Essa é uma pergunta de difícil resposta, pois tanto Max Webber como Karl Marx têm bons argumentos. O problema é como suas ideias foram interpretadas e aplicadas por seus “herdeiros”, discípulos ou adeptos.
O medo da comparação e do livre-arbítrio leva alguns a adotarem a doutrinação, o patrulhamento ideológico, indução ao abandono do individual em nome de um coletivo intencionalmente dirigido, segundo interesses nem sempre claros. Nesse contexto, todos tendem a ser vítimas.
O Muro de Berlim caiu! Mas, e quanto ao Paralelo 38, muro virtual que ainda separa as duas Coreias? O macartismo, na década de 1950, também não foi um muro? Ainda existe Guantánamo!
Muitos muros foram construídos para proteger, é verdade. Mas quantos foram construídos e ainda existem como monumentos da intolerância, da incapacidade de entender e respeitar as diferenças e o livre-arbítrio? Não existe um entre os EUA e o México? Outro na Cisjornânia? Vários nas aduanas dos países ricos? Estes também não são “muros da vergonha”, e não apenas para os que os construíram? E os muros que separam credos, gêneros, raças, etnias, castas, condições sociais: muros virtuais que separam até quem está ao lado? Essas desigualdades que os elevam são inexoráveis ou simplesmente partes de projetos de poder?
O mundo tem muitos problemas, que afligem todos, indistintamente, e que não podem ser resolvidos sem consenso e bom senso.
Não vai ser erguendo muros ou ficando sobre eles que a humanidade solucionará questões demográficas, sociais, energéticas e climáticas.
Mas há um vento de mudança no ar, como aquele da música do grupo alemão Scorpions: Wind of Change, que veio juntar-se a Imagine, de John Lenon, como exortações à ruptura de todos os muros, materiais e imateriais, que separam a humanidade.
O vento tem a capacidade de misturar o que está separado, levar sementes que germinam a milhares de quilômetros.
O mundo precisa urgentemente desse vento transformador, para aproximar o que a estupidez humana e a mediocridade tirana ainda insistem em manter separado!
(*) Adilson Luiz Gonçalves é mestre em Educação, Escritor, Engenheiro, Professor Universitário e Compositor – E-mail: [email protected] e [email protected]

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