Aos 71 anos, Maria Viegas Napoli muitas vezes não reconhece as próprias filhas. Ela foi diagnosticada com mal de Alzheimer há cinco anos, época em que a capital paulista registrava 494 casos de óbitos provocados pela doença. No fim do ano passado, já eram 939 – um aumento de 90% no período. É o que mostra um levantamento inédito feito com base no Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade de São Paulo. O mal de Alzheimer é a principal causa de demência em pessoas com mais de 60 anos, segundo os médicos. A partir dessa faixa etária, a chance de desenvolver a doença é de 5%, o que dobra a cada cinco anos – aos 85 anos, chega a 50%. “A doença faz com que o paciente perca suas funcionalidades e se torne completamente dependente”, diz a geriatra Luciana Pricoli. “Os medicamentos, a fisioterapia e a psicoterapia podem retardar essa perda”, completa.
Mais de 9 mil suícidios
Se a cada dia cinco baleias aparecessem mortas nas praias, certamente o fato mereceria as capas dos jornais. De acordo com o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, 9.090 pessoas chegaram ao suicídio no Brasil em 2008, o que corresponde a 25 mortes diárias, mas pouca atenção foi dada ao assunto. A comparação com as baleias – de uma campanha de prevenção de suicídio australiana, que em vez de “save the whales” usou o trocadilho “save the males”, referindo-se aos cinco homens que, diariamente, matam-se naquele país – e a crítica ao ofuscamento do suicídio são de Neury José Botega, professor titular do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).