Assim como qualquer unidade prisional, a Penitenciária Major Eldo de Sá Correa, a Mata Grande, como é popularmente conhecida, é mais um agravante em desfavor da segurança pública do município. A afirmação é do novo comandante do 4º Comando Regional Sul da Polícia Militar, coronel Márcio Thadeu da Silva Firme.
“Pelo que me lembro, com a experiência de 20 anos de polícia, nenhuma cidade está feliz em ter um presídio em seus domínios, simplesmente porque os presos que vão para presídios do tamanho da Mata Grande, a maioria não é da localidade. Com isso, quando existe uma decisão para soltar preso ou progressão de regime, esse cidadão acaba ficando na cidade. Primeiro, porque a família acabou se instalando no município para sempre visita-lo. Segundo, que se ele for libertado precisa vir à comarca de tempos em tempos para assinar a presença dele. Sendo assim, automaticamente, acaba aumentando a população de ex–presidiários na cidade. Isso agrava a questão da segurança, porque os índices de reincidência aos crimes são altíssimos”, disse o coronel.
Conforme o comandante, outro agravante contrário à segurança pública é que em Rondonópolis, apesar de ser uma cidade de interior, é o terceiro maior aglomerado urbano do estado. “Conforme aponta uma pesquisa do coronel Walter Silveira, ex– comandante, Rondonópolis também é a segunda maior cidade do interior de todo o Centro-Oeste, perdendo apenas para Anápolis (GO). Então, há de se esperar que os problemas relacionados com a segurança pública sejam das mesmas proporções. Além de tudo, a Polícia Militar do Estado de Mato Grosso não conseguiu acompanhar este crescimento populacional de demandas de segurança dos últimos 20 anos. Dos serviços obrigatórios do Estado, a segurança foi a que menos evoluiu, pois o efetivo é pequeno para atender a demanda existente”, avaliou o oficial.
Outro fator desfavorável à segurança pública local, segundo o novo comandante, é que Rondonópolis é uma cidade que não está longe da capital. “Somos caminho de outros estados e municípios pelo entroncamento das rodovias federais BRs-163/364. Temos um crescimento econômico favorável que acaba trazendo pessoas que nem sempre estão com intuito de trabalhar. Com isso, os problemas de segurança pública vão se acumulando”, enfatizou.
POLICIAMENTO DE RESULTADOS
Mas, para o coronel Thadeu, mesmo diante de tantos pontos negativos, um forte fator positivo é que a Polícia Militar de Rondonópolis realiza um imenso trabalho de abordagens que vai além do trabalho da prevenção. “Temos uma tropa pequena, mas com uma ótima produtividade. Uma tropa otimizada que trabalha e apresenta resultados mais que significativos”, destacou o comandante.
Ele explica que, à frente do comando regional, vai criar mecanismos para que aumente essa produtividade da tropa ainda mais. “Vamos colocar novamente o policiamento motorizado nas ruas. Hoje, temos nove motocicletas na cidade, quero chegar a 20 motocicletas porque este tipo de policiamento tem resultados, principalmente no combate aos crimes de roubos onde os criminosos se utilizam de motocicletas para fugirem da polícia”, externou.
SENTENÇA DE MORTE
Na recente história da cidade, os registros de crimes de homicídios apontam que a maioria das vitimas é oriunda de egressos da Mata Grande. Muitos reeducandos, quando saem do presídio, ao invés de ganharem a liberdade, acabam assinando sua sentença de morte. “Realmente, tem acontecido muitos casos onde o reeducando, ao sair do presídio, acaba sendo assassinado. Mas, não consigo afirmar com certeza se isso é uma regra, ou casos pontuais, até pelo pouco tempo que estou aqui na cidade. A PM não tem conhecimento de como estas mortes são tramadas. O que existe são suposições. Por experiência de polícia, acredito que a maioria destas mortes é decorrente de dívidas que não foram pagas, seja por drogas ou de favores devidos ao crime”, comentou o comandante.
Desde a sua inauguração, a Penitenciária da Mata Grande tem sido motivo de preocupação para Rondonópolis. Inclusive, na época, o A TRIBUNA, em manchete principal, estampava que o governador Carlos Bezerra nos dava um “presente de grego”.
