Acusado de ter atirado e matado o próprio cunhado em 2010, o réu Almir Araújo de Oliveira, o “Guerreiro”, foi condenado a 16 anos de prisão em regime inicialmente fechado ontem em sessão do Tribunal do Júri, ocorrida no auditório da Secretaria Municipal de Saúde. Além da condenação, o juiz Wanderlei José dos Reis, doutor e pós-doutorando em Direito, que presidiu o julgamento em colaboração à Semana Nacional do Júri, ocorrida de 13 a 17 de abril, de imediato, expediu o mandado de prisão do condenado. Pelo que se apurou, esta foi a maior condenação na Semana Nacional do Júri em Rondonópolis.
No julgamento de ontem, Almir Araújo foi julgado à revelia por não comparecer a sessão. Desde o dia 19 de março passado a justiça havia decretado a prisão dele, a pedido do promotor Augusto Fuzaro que fez a solicitação desde setembro de 2013.
Participaram da sessão de júri atuando na acusação do réu o promotor de justiça Ari Madeira Costa e na defesa dos direitos do acusado os defensores públicos Érico Ricardo da Silveira e Jacqueline Gevizier Nunes Rodrigues, todos colaboradores da Semana Nacional do Júri. Desde o crime, os familiares vinham lutando para que justiça fosse feita, com a condenação do réu.
Conforme está descrito na sentença que condenou o acusado, o juiz deixou de facultar ao réu o direito de recorrer em liberdade. Além disso, ordenou a destruição da arma apreendida e que teria sido usada no dia do crime pelo acusado. A sessão de julgamento de ontem começou por volta das 14h30 de ontem, mas se estendeu até às 21h10 quando encerrou-se, com a leitura da sentença.
Em entrevista ao Jornal A TRIBUNA, Ari Madeira acredita que, com o resultado do julgamento, justiça foi feita nesse caso, bem como trouxe simbolicamente mais tranquilidade às duas famílias envolvidas. O profissional externou ainda que ficou pessoalmente satisfeito pela participação nesse júri, considerando especialmente uma cena vivenciada por ele após o término da sessão, já no lado de fora das dependências do auditório.
Ari Madeira narra que uma irmã da vítima, antes de entrar no carro, a certa distância, fez, em agradecimento, um sinal de reverência a ele com as mãos e a cabeça, que o emocionou profundamente. Inclusive, atesta que o gesto de gratidão pelo empenho no júri, de forma simples e sem holofotes, foi um dos momentos mais marcantes em toda a sua carreira de promotor público.
Vale explicar que, durante a Semana Nacional do Júri em Rondonópolis, outro réu foi condenado a 26 anos de prisão, mas sendo julgado por um duplo homicídio ocorrido em 1997.
O CRIME
O corretor Edilson Sodré dos Santos foi assassinado aos 41 anos de idade, na manhã do dia 16 agosto de 2010, na rua Pedro Ferrer esquina com Avenida Bandeirantes, próximo à antiga “Pedrinha”. Edilson Sodré, que era cunhado de “Guerreiro”, foi atingido com um tiro na nuca na frente do escritório onde trabalhava. Chegou a ser socorrido com vida e levado para o hospital, mas não resistiu.
Depois de preso, Almir Araújo foi levado para o antigo Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc), hoje 1ª Delegacia de Polícia – Centro. Na época, ele confessou o crime e disse também que era dependente químico. Alegou que matou o cunhado devido a problemas familiares, versão essa desmentida enfaticamente por integrantes da própria família do acusado, os quais apontaram motivação banal. Ficou menos de dois anos preso, sendo solto em 2012 devido à demora para realização do julgamento.
