(*) Gabrielly Medeiros
Neste artigo trataremos da História da edificação do 1º Cinema de Rondonópolis, o “Cine Meridional” que se localizava na avenida Marechal Rondon, esquina com rua Afonso Pena. O prédio para o Cinema foi construído em 1953, por Lauro Mello, que foi também gráfico e jornalista na cidade.
O cinema é um equipamento da cultura, que permite ampliar as vivências daqueles que se dedicam a assistir os filmes produzidos. Por meio das películas, se ensina e se aprende, são documentários e ficções, realidade e a imaginação. O cinema superou as fotografias e as artes plásticas, produziu encantamento e reflexões, bem como, proporciona entretenimento e reúne pessoas de diferentes classes sociais em um único espaço.
O Cine Meridional funcionou por quatro anos, precariamente, principalmente por falta de energia elétrica, mesmo assim, possibilitava para os moradores da época, socialização e lazer. A edificação, mais tarde, tornou-se a “Padaria Pão Gostoso”, sendo Tombada para o Patrimônio Histórico Municipal, por meio da Lei N° 2930, de 24 de junho de 1998.
Na atualidade, observa-se o descaso dos responsáveis pelo Patrimônio Histórico Municipal de Rondonópolis; no caso da edificação 1º Cinema, Tombada há mais de 25 (vinte e cinco) anos, a Secretaria de Cultura ainda não conseguiu fazer desse local um Ponto de Memória, passível de conservação. A esta situação, atribuímos a falta de uma Política Pública para o Patrimônio Histórico e Cultural de Rondonópolis. Como os proprietários de Bens Imóveis Tombados são informados e incentivados a conservar o local?
Como consequência disso, há cada ano que passa, mais acabada está a edificação que foi o 1º Cinema e a Padaria, e que remete à Memória e a História de uma parte importante do começo de Rondonópolis.
Com as visitas feitas ao imóvel, é visível a carência de cuidados e atenção ao Patrimônio Tombado, se observa vandalismos e pichações; bem como, a falta uma placa que informe a história da edificação, isso é reflexo de que o local, está tendo sua memória histórica silenciada.
Façamos uma comparação de fotografias no lapso de cinco anos. O pesquisador e professor de História, Sandro Ambrósio Alves, documentou na dissertação “Patrimônio Histórico e Cultural de Rondonópolis, MT”, em setembro de 2018, o prédio em estudo. Este se encontrava com paredes limpas e havia o anexo ao fundo, onde ficava a máquina de projeções. Na atualidade, observa-se a danificação da fachada, não há mais o anexo da máquina de projeção, embora o terreno do fundo, tenha sido limpo, o muro foi derrubado e, este espaço se tornou um estacionamento particular do comércio vizinho.
Em julho de 2023, fez-se uma visita in loco, e nos informaram que o prédio não está sendo utilizado, mas, há uma pessoa ali residindo e vigiando-o. Assim, pouco habitado e fechado para o público, o tempo e as intempéries estão fazendo o seu trabalho de acabar com o resto que tem. A preocupação é que se não for tomada uma providência urgentemente, daqui a alguns anos, nem a edificação exista mais, o que será uma perda irreparável para a memória de Rondonópolis.
Com isso, podemos refletir sobre uma frase de Paulo José de Oliveira, que diz: “Um povo que não se preocupa em preservar sua memória perde-se na história e se aniquila a curto prazo, na sua cultura”. Ou seja, é imprescindível que o mais rápido possível, os donos do edifício unam esforços para preservá-lo; e que o Poder Público assuma as responsabilidades que lhe cabe e, conforme reza a mencionada Lei, isente de Imposto urbano este e os outros Bens Tombados na mesma Lei; além de outras medidas simples de valorização do Patrimônio Histórico e Cultural do município de Rondonópolis.Os prejudicados são os cidadãos, que não tem a
oportunidade de conhecer sua própria História, não há valorização da Memória Cultural neste município, nem do primeiro cinema, padaria, biblioteca municipal, Posto Telegráfico e outros.
(*) Gabrielly Medeiros Pereira é acadêmica do curso de História da UFR