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Alegrai-vos e Exultai

(*) Rondonópolis Sagrado Coração de Jesus

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Olhemos os santos, não para imitá-los, mas para imitar Jesus.

Foi num dia primeiro de novembro, Festa de Todos os Santos. Quando entrei na igreja, a missa já tinha iniciado. De pé, me encostei nos últimos bancos, perto da porta de entrada. Neste momento o padre começou a homilia com estas palavras: “Todos vocês são santos! Sim, vocês ouviram corretamente! Por isso quero repetir o que disse. Todos vocês são santos!” Estas palavras não quiseram mais sair da minha cabeça. Perguntei-me: “Eu sou santo?” Bem que gostaria de ser, mas olhando a minha vida, tinha que reconhecer, que não era santo. Na minha imaginação, os santos eram perfeitos, eram heróis, já tinham superado as coisas deste mundo e já tinham chegado a viver na presença de Deus. Já viviam como os anjos. Eu bem sabia das minhas imperfeições, da minha falta de autenticidade, da minha vontade de aparecer, de querer ser melhor do que os outros, afinal dos meus pecados. A santidade me parecia inatingível.

Creio, que a pergunta que se fez aquele jovem continua viva também na cabeça de muitas pessoas. O que é mesmo, ser santo? Qual o caminho para chegar lá?

O Papa Francisco publicou na festa de São José (19.03) um documento sobre a santidade com o título: “Alegrai-vos e exultai”. Logo no início escreve: “Meu objetivo é humilde: fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando encarná-la no contexto atual” (2) Somos chamados por Deus à santidade! O Senhor escolheu cada um de nós para sermos santos. (Ef.1,4). Somos santos não por nosso esforço ou merecimento, mas pela graça de Deus. Ao mesmo tempo precisamos com humildade reconhecer que o pecado mora em nós e muitas vezes somos sucumbidos às tentações do maligno. Mas cooperando com Deus e lutando com coragem contra as tentações do demônio alcançaremos em nossa vida o que já somos por graça, a santidade.

Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas para algumas pessoas privilegiadas, muito perfeitas e que nós nunca chegaremos lá. É verdade o caminho para a santidade passa por esforços e renuncias. A vida cristã é uma luta permanente. Requer força e coragem para resistir às tentações do demônio e anunciar o Evangelho. Os remédios que temos, segundo o Papa Francisco, são: oração, meditação da Palavra de Deus, participação da santa missa, reconciliação, as obras da misericórdia e da caridade, vida comunitária, compromisso missionário.

Santidade não significa fazer coisas extraordinárias. Tua santidade irá crescendo com pequenos gestos (16). Santo é, quem doa a sua vida pelos irmãos e se identifica cada vez mais com Jesus Cristo.

Ser santo é construir o Reino de amor, justiça e paz para todos. Você é casado? Sê santo, amando e cuidando da tua esposa ou do teu marido. Você é um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. Você é pai, mãe ou avó, avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Você está investido de autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses (14). Sê santo, não fale mal de ninguém, dê atenção ao seu filho, escute-o com paciência e carinho. Não nos santifica, fazer as coisas para aparecer, movidos pela ansiedade ou orgulho. A santidade não deve fazer de nós super-homens e supermulheres, mas tornar-nos cada vez mais humanos, humildes e autênticos. “É tão bonito por amor a Deus limpar o chão, como construir catedrais”.

Ser santo não significa revirar os olhos num suposto êxtase (96), mas colocar em prática as bem-aventuranças e as obras de misericórdia. “Tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber, era peregrino e recolhestes-Me, estava nu e destes-Me que vestir, adoeci e visitastes-Me, estive na prisão e fostes ter comigo. Toda vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”. (Mateus 25, 35ss). Socorrer uma pessoa necessitada é um ato admirável de amor e de compaixão, mas não é suficiente. Não se trata de apenas fazer algumas ações boas. Além da caridade é preciso lutar por justiça, para que todo ser humano seja reconhecido

e respeitado na sua dignidade como filho e filha de Deus. É preciso procurar uma mudança social, restabelecer sistemas sociais e econômicos justos (99). Seremos julgados por este nosso comportamento. Para as bem-aventuranças santidade é: ser pobre no coração, reagir com humildade e mansidão, buscar a justiça para todos, olhar e agir com misericórdia, manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor, semear a paz ao nosso redor, abraçar diariamente o caminho do evangelho mesmo que nos acarrete problemas. (Mateus 5. 3-10).

Há os inimigos da santidade; são propostas enganadoras e até heréticas, (35) “que dão origem a um elitismo narcisista e autoritário” (35). Existem pessoas que se acham santas, mas não o são. Pensam que só elas têm a fé verdadeira. Querem obrigar os outros a submeter-se aos seus raciocínios e tentam dominá-los. Não conseguem aceitar o diferente. Desprezam como pecadores aqueles que não partilham sua visão da realidade. Estão tão seguros de se mesmos, que nem percebem seu engano. Desta maneira, porque “sabem” quem é Deus e como ele deve agir, porque “sabem” onde Deus se encontra e onde não está, porque “sabem” o que é a vontade de Deus e o que não, porque “sabem” o que está certo e o que está errado, porque afinal têm resposta para todas as perguntas, esvaziam o mistério de Deus, que sempre é diferente e maior dos nossos pensamentos (Is.55,8s). E talvez sem se aperceber, fecham-se na sua própria auto complacência egocêntrica e elitista. Trata-se duma vaidosa superficialidade (38s).

Uma outra falsificação da santidade é uma atitude que só confia nas próprias forças e se sente superior aos outros por cumprir determinadas normas (49). Esta obsessão pela lei se mostra na ostentação no cuidado da liturgia, da doutrina, do prestígio da Igreja e pela atração às dinâmicas de autoajuda (57). São pessoas que pelo seu esforço, se sentem perfeitas, superiores aos outros (Lc. 18,9-14). Muitas vezes usam a religião para o seu próprio benefício. Nunca podemos esquecer, que não somos justificados pelas nossas obras, mas pela graça de Deus e que a falta de reconhecer os nossos limites impede a graça de Deus.

Afinal, o caminho para a santidade é a mais bela aventura de nossa vida. Não nos deixemos prender por uma religião de proibições: você não deve, você não pode….Não! Mas um amor profundo e sincero que brota do coração….isto é autêntico e aproxima de Deus. A santidade deve tornar-nos pessoas alegres e livres. É preciso pouco para pessoas honestas serem santas: amor maior a Deus, humildade mais profunda em cumprir sua vontade, um pouco mais esforço e o aperfeiçoamento das mais insignificantes obrigações diárias.

Os santos são homens e mulheres, inseridos no meio da sociedade e do mundo, sabendo-se amados e redimidos por Jesus. Por isso aceitam ser testemunhas do mundo novo e do Reino que sua ressurreição trouxe. Com alegria anunciam e vivem o Evangelho. Por isso a sua vida tornou-se santa, uma vida em plenitude.

Ao terminar é bom meditar a experiência de vida de uma grande Santa, a pequena Santa Terezinha do Menino Jesus.

Apesar da minha pequenez posso aspirar à santidade. Me fazer crescer é impossível, devo suportar-me tal como sou, com todas as minhas imperfeições. Mas quero buscar o meio de ir para o céu, por uma trilha muito reta, muito curta, uma pequena via, toda nova. Procurei nos livros sagrados: ‘Se alguém for pequenino, que venha a Mim’. A santidade não está nesta ou naquela prática, ela consiste numa disposição do coração que nos torna humildes e pequeninos nos braços de Deus, conscientes de nossa fraqueza e confiantes até à audácia na sua bondade de Pai. Jesus não pede grandes ações, mas apenas o abandono e a gratidão. É o abandono que me guia não tenho outra bússola.

(*) Rondonópolis Sagrado Coração de Jesus

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