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Rondonópolis
, 28 maio 2024
 
 

Novo prefeito e os velhos problemas

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plinio-feix-ufmt-18-06-04-corOs cidadãos brasileiros elegeram ou reelegeram em outubro do ano passado os prefeitos e vereadores em todo país para governar os municípios nos próximos quatro anos, sendo empossados no primeiro dia de 2017. Em Rondonópolis tivemos um comportamento eleitoral favorável à mudança, pois o candidato à reeleição não foi eleito. Agora temos um novo prefeito e vice-prefeito, que terão o desafio de enfrentar e solucionar velhos problemas socioeconômicos do nosso município.
Considero o prefeito José Carlos Junqueira (Zé Carlos do Pátio) um político populista de centro-esquerda. Populista (não popular) pelo fato de manter vínculos diretos e desenvolver políticas sociais para os setores populares, porém não com o objetivo primordial de solucionar os seus problemas, mas acima de tudo para conquistar o apoio político para os seus projetos pessoais de poder. A vinculação, inclusive físico-afetiva, com estes setores da população visa criar um eleitorado fiel. Esse populismo é de centro-esquerda pelo fato do político em questão priorizar em suas ações a população trabalhadora residente nas vilas ou bairros da cidade. Ele segue, em grande medida, a estratégia política adotada pelo Carlos Bezerra.
Quanto aos outros dois candidatos com densidade eleitoral que disputaram a prefeitura no último pleito, em termos político-ideológicos, defino o Rogério Sales como político de direita (candidatura articulada pelo grupo do deputado federal Adilton Sachetti, que se diz deputado do Agronegócio), e o Percival Muniz se caracteriza pelo perfil de centro. Por tanto, tivemos três perfis políticos distintos na última eleição, sendo que um contingente maior da população optou pelo candidato mais à esquerda.
Não é preciso insistir quanto à existência de inúmeros problemas sociais no nosso município que afetam profundamente a qualidade de vida da população. Eles precisam ser enfrentados pelo poder público. Para tanto, não basta vontade! É preciso planejamento, estratégias de ação, recursos financeiros e condições políticas. As duas primeiras dependem das pessoas que compõem a equipe de governo, da sua capacidade de produzir e viabilizar políticas públicas que atendem as necessidades das pessoas. As duas últimas condições dependem do poder de articulação política com os diferentes agentes políticos e instituições públicas estaduais e federais para costurar apoios e viabilizar os recursos financeiros necessários.
Estas duas últimas condições, a meu ver, serão os grandes desafios do novo prefeito. Os principais agentes políticos locais, estaduais e federais estavam articulados em torno das duas candidaturas que perderam a eleição. Conseguir o apoio dessas duas forças políticas é a grande mágica que precisa ser feita pelo novo prefeito. A movimentação política deste logo após a eleição foi neste sentido, ou seja, buscar aproximação, apoio. Isso não é simples quando todos estão de olho na sua carreira política pessoal, além da existência de diferenças ideológicas entre eles.
O outro desafio, atrelado a esse, é conseguir os recursos financeiros necessários para as inúmeras demandas sociais, que é dificultado por causa do distanciamento dos principais políticos do município em relação ao prefeito e pela grave crise política e econômica pela qual passa o país. Rondonópolis não consegue se sustentar financeiramente com as atividades econômicas desenvolvidas aqui. Isso é paradoxal, pois o nosso município é visto como espaço de expressiva geração de riqueza. Um dos problemas que explica esse paradoxo é a alta concentração dessa riqueza produzida, o que faz com que parte da população seja muito dependente dos serviços públicos. Outro fator explicativo é o fato do Estado de Mato Grosso e da União abocanharem parte significativa dessa riqueza através dos impostos.
É necessário acrescentar mais um problema: a corrupção praticada entre agentes públicos e as empresas privadas prestadoras de serviços. Muitos dos recursos públicos – já escassos em si – são mal aplicados, com obras superfaturadas, baixíssima qualidade, propina… Exemplo: as ruas asfaltadas da nossa cidade. Os buracos testemunham a péssima qualidade do asfalto. O asfalto novo não dura um ano, pois a casquinha colocada começa a trincar em poucos meses. A lama asfáltica derramada, para que serviu? Quem ganhou com essa maquiagem? Quem fiscaliza e libera as obras? Até quando vamos tolerar isso? É óbvio que há uma relação promíscua entre o poder público e as empreiteiras. É lamentável que nenhuma gestão municipal enfrente e muda esta prática, interrompe este círculo vicioso de desvio de dinheiro pelo ralo da corrupção.
O novo prefeito e vice-prefeito têm inúmeros problemas de ordem social, de infraestrutura e de gestão para resolver nos próximos quatro anos de governo. Trata-se, em grande parte, de velhos problemas que nunca foram enfrentados satisfatoriamente com políticas públicas adequadas.

(*) Plínio José Feix é professor do Departamento de História/ Campus de Rondonópolis/UFMT, doutor em Ciência Política.

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