Não ouvi das gaivotas um pio
Naquela praia deserta
Elas se vestiam do cio.
Cheias de desejos
Rodavam feito parafuso
Pousavam na areia
E ignoravam sereias e caramujos.
Ali não havia censura
Entre aquelas criaturas
Que pena,
Reinava pecado e usura,
Além de bigamias
Ondas e maresias.
Elas revoavam o céu em velocidade
Não temiam o radar
Gozavam do espaço e da liberdade
Só queriam mesmo acasalar.
Pobres gaivotas do ar
Que corta a corrente do vento
Fugindo do sentimento
Vai buscar seu lugar.
Antes que chegue a tempestade
E feche sua saída
Matando a ti sem necessidade
Gaivotas do mar
Gaivotas da vida.
(*) Francisco Assis Silva é poeta e militar. Email: [email protected]