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, 13 maio 2024
 
 

Sobre marquises e sacadas

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De tempos em tempos, acidentes estruturais com sacadas e, principalmente, marquises de edificações geram manchetes de jornais. Eles são raros, mas, sempre, dramáticos, pelas características dessas estruturas. Uma marquise de concreto armado, por exemplo, representa um peso de 2,5 tf/m3. Assim, uma laje com 10 cm de espessura pesa 250 kgf/m2!
As marquises e sacadas são apêndices da construção. Ambas são estruturalmente definidas como estruturas “em balanço”. Isso quer dizer que parte de seu perímetro não é apoiada. Essa configuração estrutural faz com que a parte mais solicitada dessas estruturas seja a superior, sujeita a esforços de tração, que provocam alongamento. Para quem não sabe, o concreto é um material frágil, ou seja: deforma pouco antes de romper. Além disso, ele apresenta comportamento diverso à tração e à compressão. Concretos convencionais resistem bem menos à tração que à compressão (aproximadamente: 10%). Para compensar essa deficiência de resistência são utilizadas armaduras de aço nas regiões tracionadas. Nas estruturas em balanço a região com armadura principal é, obviamente, a superior.
As causas de um acidente estrutural não estão restritas, como a maioria atribui, a erros de construção:
Um sinistro desse tipo pode ocorrer por vários motivos: erro de projeto, erro de construção, materiais inadequados, uso incompatível ou falta de manutenção. Mas, mesmo que a armadura esteja bem posicionada, ainda assim o concreto convenccional apresentará microfissuras. Dependendo da agressividade do meioambiente elas não representarão risco; mas, no caso de marquises, que estão, normalmente, expostas às intempéries, as consequências podem ser dramáticas, pois o ar e a umidade, contaminados com matéria orgânica (fezes e urina de animais), produtos químicos (poluição ambiental), salinidade (sobretudo em áreas litorâneas) etc., penetram nas fissuras e provocam corrosão das armaduras. É por isso que as áreas expostas necessitam de proteção, que é feita mediante impermeabilização. E existem vários tipos de impermeabilização, com os mais variados materiais e técnicas de aplicação, com vidas-úteis diferenciadas. Infelizmente, a maioria dos proprietários é leiga e prefere optar pelo sistema mais barato, aplicado por pessoal não especializado, sem garantia ou sem responsável técnico. Além disso, a maioria só pensa nisso quando surgem manchas de umidade na face inferior das lajes, as armaduras corroídas aparecem, ameaçadoras, ou a vegetação transforma as marquises em jardins suspensos.
A drenagem adequada e permanentemente funcional também é fundamental para assegurar a integridade e durabilidade dessas estruturas. O entupimento de um ralo ou afim pode gerar acúmulo de água em volumes superiores ao das sobrecargas previstas para esse tipo de estrutura. Atenção! Isso é manutenção, e cabe ao usuário providenciá-la!
Em suma, problemas decorrentes de projeto e execução, são detectáveis durante o processo de construção, e seus responsáveis perfeitamente identificáveis. Já os resultantes de má-conservação e uso inadequado têm a ver com o usuário.
A mitigação dos riscos de acidentes estruturais passa indissociavelmente pela conscientização do usuário de que a segurança, a funcionalidade e a durabilidade de seu patrimônio dependem de procedimentos tão simples como imprescindíveis, mas que demandam a atuação de profissionais legalmente habilitados.
Infiltrações, armaduras expostas e deformações excessivas são sintomas importantes! No caso de marquises e sacadas os riscos são ainda maiores, sobretudo quando a impermeabilização é negligenciada.
É fato que existem outros materiais, mais leves, que podem ser utilizadas em substituição ao concreto armado na confecção de marquises; mas, nenhum deles, por mais resistente e durável que seja, dispensa manutenções periódicas.
“Empurrar com a barriga”, praticar “automedicação” ou apelar para o curandeirismo de “profissionais experientes” em “garibadas” e “tapas” na área de construção (que aplicam a única solução que aprenderam para todos os problemas), é como tratar um câncer com analgésicos, e deixar que ele vire metástase!
Então, é preciso cuidar do patrimônio com a assessoria de um engenheiro ou arquiteto! Isso dá garantias técnicas e jurídicas! No caso específico de marquises e sacadas – as estruturas “em balanço”, mencionadas no início do texto – também assegura que elas nem balancem, nem caiam.
(*) Adilson Luiz Gonçalves, mestre em educação, escritor, engenheiro, professor universitário e compositor – E-mail: [email protected]

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