Pisei na calçada da fama
Pra se passar como famoso
Vestido num terno bacana
Numa imagem de mentiroso.
Pessoas passavam por mim
Nem quiseram cumprimentar
Achei esse teste ruim
Minha face devia contar.
Persisti no fingimento
Fui à agência e aluguei um carro
Dei gorjeta no estacionamento
Um verdadeiro bizarro.
Usei todo o décimo terceiro
Tive meia hora de conquista
Disse até não sou eu que faço dinheiro
Meu pagamento é a vista.
Fiz de tudo nesta pesquisa
Querendo chamar atenção
Podemos até trocar de camisa
Mas não muda de opinião.
Fiquei no meio da burguesia
Querendo a eles enganar
Porém senti uma grande empatia
Ali não era o meu lugar.
Guardei isso como aprendiz
Pois a trapaça não faz sucesso
Desonra qualquer infeliz
A marcha ré do progresso.
(*) Francisco Assis Silva é poeta e militar – email: [email protected]