A abertura da exposição fotográfica “Funeral Bóe Bororo” acontecerá na próxima terça-feira (20/08), às 19h, na Biblioteca Municipal Rachid Mamed, no Centro, tendo a autoria do artista visual e fotógrafo Cesar Augusto.
Serão 20 obras no tamanho 60 cm X 90 cm, retratando o maior manifesto cultural do povo Bóe Bororo, que é um funeral.
O fotógrafo Cesar Augusto acompanhou no dia a dia um funeral bororo que durou mais de três meses – o tempo que leva para velar um ente da família na Aldeia Tadarimana, em Rondonópolis. Registrou todos os eventos que envolvem o luto com as suas potentes lentes fotográficas e participou ativamente de todo o processo.
“Na seleção das imagens para a exposição, notamos os costumes mantidos, desde o mais antigo ancião até as crianças com participação ativa, perpetuando a sabedoria e as tradições, quando o novo recebe orientações de identidade e simbolismo, como a pintura corporal, a dança, a produção de artefatos, a feitura de indumentárias próprias, os parikos, os colares, os aromas, os alimentos, a caça, a pesca, bem como a apresentação de novos ritmos e outras particularidades que só aparecem quando de um funeral, ou seja, é o momento oportuno de viver e reviver a etnia na sua amplitude”, avaliou Hermélio Silva, que faz a apresentação do catálogo da exposição.
“Os indígenas celebram a vida e a morte, a natureza, a ancestralidade e o sobrenatural. Sua cultura permite ver que a morte não é um fim, mas uma passagem para a aldeia dos mortos, de forma purificada. Da morte física até o cortejo final passam-se meses, dando a entender que o processo é celebrado com ritos importantes para o seu povo”, falou Cesar Augusto.
No funeral, o morto é enrolado em esteiras e enterrado em cova rasa próxima ao Baito, e para acelerar a decomposição do corpo, a cova é molhada todos os dias. Ao final, é exumado e os ossos são ornamentados e feito o último enterro.
Vale dizer que César Augusto também é autor do livro “Pantanal – Um bioma exuberante”, em quatro idiomas, publicado em 2023.