
Empresários do setor de gás estão trabalhando com novas estratégias para manterem a clientela. O botijão hoje vendido por R$ 140,00, em média, pode ficar mais caro ou mais barato dependendo da forma de pagamento, se é feita ou não entrega, se é cliente fidelizado ou pessoa já aposentada.
Diante do perfil do cliente e dos custos da empresa, o produto em Rondonópolis pode variar de R$ 132,00 a R$ 150,00, este último no caso de parcelamento com entrega cobrada.
A fidelização do cliente foi a estratégia para manter a clientela. Quem se cadastra no whatsapp, paga R$ 132,00 com a entrega e ainda ganha um pote de plástico. “Mas tem que se cadastrar no grupo do whats para ter este preço diferenciado”, informa o gerente de vendas Paulo Jânio.
De acordo com ele, os clientes acabam indo e voltando se não estiverem fidelizados. Além do grupo, têm preço especial os restaurantes, aposentados e pessoas muito pobres. “São muitas as empresas de gás que abrem na cidade e aí tem um conhecido que vende, uma indicação do vizinho e ainda os clandestinos. Isso faz com que as pessoas comprem em outros locais. No Whats a pessoa tem nosso número registrado e já chama, fazemos a venda e pronto”.
O empresário Carlos Alberto Pereira, que está há 40 anos no mercado, não se lembra de ter passado um período tão difícil. Segundo ele, nem nos planos antes do Real viu um cenário como o atual. “Se fosse para ser o preço de venda real, o botijão estaria custando R$ 180,00. Não conseguimos passar os custos de manutenção da empresa nem da entrega para o gás”, destacou.
Para ele, o aumento do botijão de R$ 30,00 somente neste ano, acabou restringindo o poder de compra do trabalhador porque o gás é um produto muito consumido pelas classes C, D e E, justamente as mais atingidas pela alta da inflação. O movimento de janeiro para cá teve queda de 15%.
Carlos conta que muitas pessoas precisam decidir entre comprar o gás ou a comida. Neste caso, a alimentação ganha e o fogo acontece no improviso. “O que estamos vendo são pessoas pegarem madeira para queimar, improvisando um fogão ou mesmo usando álcool para fazer o fogo, o que é perigoso e pode causar acidentes. Esta é a realidade de muitas pessoas hoje”, contou.
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De acordo com ele, o preço do gás não é o único vilão da inflação. “Os alimentos estão mais caros e o supermercado está aumentado toda hora. Cada vez que você vai ao supermercado gasta mais e o salário não acompanha. Alguma coisa precisa ser feita”.
Para continuar vendendo para quem não tem como pagar o gás à vista, ele parcela em seis vezes no cartão de crédito. Sobre valores repassados pelo Governo Federal para a compra do gás, ele admite que não tem notícia. “Como o dinheiro vem junto na conta do auxílio, não vem para a empresa, não sabemos como é usado porque acaba sendo diluído quando a família paga coisas com o cartão”.
O empresário se diz otimista, mas apenas para não perder a vontade desta fase passar. “Vejo o mercado de gás, a cotação do dólar e o preço do barril de petróleo todo o dia, e sinceramente espero que tudo isso passe”.