(*)Brasilino da Silva
Do substantivo ao aumentativo ou diminutivo
os cachorros sempre são os mesmos
Traiçoeiros, bravos, dóceis, extrovertidos,
ensimesmados ou indiferentes impactam
Empáticos porque reflexos são da cara dos donos
no querer mostrar-se socialmente
Cachorros associados ao dia a dia já é lugar comum
nos burgos, praças e mercados
Mercadores da paz, do amor, lealdade e fidelidades
sem limites ou ressentimentos
Também das caras feias, mandíbulas de ferro
e presas de morsa prontas amedrontar
Os traiçoeiros daqueles que abocanham calças se vestidos
ou calcanhares se desnudos
Mas nada ofusca os rostinhos perfeitos e olhos
angelicais cândidos dos cachorrinhos
Cachorros no diminutivo
No porte ou na idade
Cachorros são bons
Em todas as idades
Cachorros famosos da triste Baleia do Graciliano,
ao Rin Tin Tin e o simpático Beethoven
Na onda destes famosos as casas se invejaram
e deram à luz ao telhado encachorrado
O dourado cachorro é o peixe dentuço pousado
na onda da secular fama dos caninos
Gente sem banho, diziam em algum tempo
e lugar que cheiravam a cachorro molhado
Cachorrada fizeram aqueles parças fingidos quando
colocaram amigos na enrascada
E assim o barco da vida se foi e navegou no caldo
das culturas temporais e regionais
Ela, meiga e rude, bela e fera, inteligente, sensual
e amável, mas chucra nos desejos
Proferia a respiração do cachorrinho ao viajar
nas paisagens frugais do amor conjugal
Do nado cachorrinho
Ao majestoso reino animal
Já nos itinerários sentimentais
Ela respirava o prana
Aprendido do cachorrinho.
(*) Brasilino José da Silva é poeta em Rondonópolis.