
Enquanto os canhões disparam.
Os homens poderosos tramam a minha morte.
Se viver mais alguns anos, é por sorte.
Vendem-se armas, indústria do caos.
Sou apenas um a mais.
A comida é suicida.
Devastaram os campos com inseticidas.
Valetas de sangue, com corpos inertes,
Jogados no pó.
Enquanto os canhões explodem.
Onde estão os homens?
Estão virando lobisomens.
As armas valem mais do que curar a fome.
O sonho é desconstruir,
Não se pode impedir.
A calamidade de estar no pódio
Com os bolsos cheios de dor-nos-lares.
Destruir é necessário,
Vale mais do que preciso.
Não, não posso entender,
Quando custa o meu sofrer.
Se posso viver despreocupadamente
Colocando boas lembranças na mente.
Viver é matar por opção.
Os fracos vivem sem ação,
Vão à frente de combate dirigido por um ditador.
Muitas vezes em nome do amor.
Os soldados morrem sem saber por quê.
Apenas cumprem o seu dever.
De quê? De quê? De quê?
(*) Isaías Dias é poeta e romancista. Autor do livro. Um Amor Além do Circo. Membro da ARL, cadeira 14