
Numa mata fechada, muito verde,
Ando e olho de soslaio com medo.
Sinto que piso em folhas e galhos secos.
Paro, descanso na sombra de uma frondosa
e secular árvore,
Abro meu cantil e sorvo goladas de água fria.
Recobro minhas forças e sigo.
Tenho medo de répteis,
mas minha bota de cano longo me protege.
Sinto cheiro de mato, odores diferentes
e me assusto com um urro bem próximo.
Pressinto que o animal vem em minha direção.
Assustado, escondo-me atrás de um tronco, em seguida escalo-o.
Uma onça pintada,
bem pintada passa num andar faceiro.
Fico inerte e parece que nem o coração faz barulho
para bombear seu líquido vermelho.
Foi um instante sem igual,
mas o pavor fez com que eu imaginasse
que fora um século, um milênio…
O tempo passou, voltei ao normal.
Eu continuava sentado em meu sofá predileto
a olhar uma bela tela produzida pelo artista Wander Melo.
Peguei minha tralha de pesca, chamei minha renca de filhos,
a esposa e fomos a pé, curtir a natureza no Pantanal… quintal de casa… do mundo…
Da pesca nada conto.
(*) Hermélio Silva é escritor e membro da Academia Rondonopolitana de Letras (ARL).