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Rondonópolis
, 12 julho 2025
 
 

Análises da paisagem

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(*) Aires Pereira
(*) Roberto de Souza
(*) Nelsonita de Souza

Paisagem numa perspectiva clássica, os geógrafos perceberam-na como expressão materializada das relações do homem com a natureza num espaço circunscrito. Para muitos o limite da paisagem atrelava-se à possibilidade visual. Segundo Georges Bertand (1968), ao propor o estudo de Geografia Física Global, pensou a paisagem como: Resultado sobre certa porção do espaço, da combinação dinâmica e, portanto, instável dos elementos físicos, biológicos e antrópicos que interagindo dialeticamente uns sobre os outros fazem da paisagem um conjunto único e indissociável em contínua evolução. (BERTRAND, 1968, p. 90).

Embora a paisagem também tenha se transformado no tempo, tendo sido apropriada por outras definições como meio, habitat e ecossistemas, todas elas designando um mundo exterior ao homem, ela também, indiscutivelmente, tem a “marca” da história do homem em seu seio. O homem, com seu cabedal de conhecimento e suas ações, com certeza ajuda na construção da paisagem artificial, pois com suas técnicas e cultura perfaz a dinâmica da produção e reprodução ininterrupta da paisagem urbana ou rural ou agrícola, etc.

Considerando-se de que a geografia estuda a realidade, e o mundo, através da leitura da paisagem, deve-se reconhecê-la como a imagem, a representação do espaço em um determinado momento. Não é o espaço em si, é a fotografia do espaço, e como tal expressa tudo que existe por trás dela, quer dizer sua história, seu movimento, que é resultado do jogo de forças dos homens entre si e desses com a natureza.

Dependendo do modo que é olhada, se percebe tudo o que existe por trás dela. A paisagem é tudo aquilo que se vê que a nossa visão alcança, e a nossa visão depende da localização em que estamos. Daí decorre que ela pode ser observada de escalas diferentes e que se aprende o que se expressa de formas diferenciadas, dependendo da posição, mas também da perspectiva do olhar.

É fundamental que ultrapasse a visualização da paisagem para entender o seu significado, as suas histórias. É preciso entender que a paisagem não se cria por acaso, mas que é resultado da vida dos homens, dos processos de produção, dos movimentos da natureza.

Qual é então a melhor forma de analisar as paisagens? Fazendo a leitura do que está expresso e que a nossa visão apreende, percebendo a história, o movimento e a mobilidade territorial.

Os lugares se diferenciam pela maneira, quais os fatores internos resistem aos externos, determinados as modalidades do impacto sobre a organização preexistente. A partir desse choque impõe-se uma nova combinação de variáveis, um novo arranjo, destinado a se manter em constante movimento. (Santos, 1988, p. 97).

Na linha de raciocínio de Santos, há ainda que se considerar que as imagens dos lugares traduzidas em paisagens que representam determinado momento da vida de relações do lugar, não são estáticas, senão na sua expressão do momento. Pelo contrário ela tem em si um movimento, uma dinamicidade que a transforma constantemente.

Cada lugar combina variáveis de tempos diferentes. Não existe um lugar onde tudo seja novo ou onde tudo seja velho. A situação é uma combinação de elementos com idades diferentes. “O arranjo de um lugar, através da aceitação ou rejeição do novo, vai depender da ação dos fatores de organização existentes nesse lugar, quais sejam o espaço, a política, a economia, o social, o cultural. (Santos, 1988, p. 98).

A paisagem poderá ser aprendida no seu todo, mas é necessário que seja percebida também em aspectos parciais. Existem técnicas e instrumentos possíveis e necessários de serem utilizados e que devem estar presentes em todo o trabalho de geografia. Exemplos: a fotografia, o mapa, serve como instrumento para conhecer a paisagem e desvendar a realidade, sistematizando o que se investigou.

Portanto estudar a paisagem é muito interessante para se poder compreender a realidade “as paisagens trazem a marca das culturas e, ao mesmo tempo, as influenciam” (Claval, 1999: 318), e ainda coloca que “na imensa maioria dos casos um produto não planificado da atividade humana” (p. 315). Elas vão surgindo à medida que os homens vão vivendo e produzindo as suas vidas.

As paisagens locais, na maioria das vezes, fazem parte das vidas particulares das pessoas que habitam. Portanto agrega-se a essas paisagens, além de um valor efetivo, um estético capaz de marcar no imaginário das pessoas a identidade com o lugar.

(*) Aires José Pereira é professor Associado III no curso de Geografia e do mestrado em Gestão e Tecnologia Ambiental da UFR e coautor do Hino Oficial de Rondonópolis.

(*) Roberto de Souza Santos é professor titular da graduação e mestrado em Geografia da UFT – Campus de Porto Nacional

(*) Nelsonita de Souza Batista é professora na Rede Municipal de Porto Nacional – TO

 

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