
O tabuleiro político de Mato Grosso está em plena reconfiguração. Embora o PL seja a sigla de maior expressão no espectro da direita e, sobretudo, na ala mais conservadora a nível nacional e estadual, o cenário das eleições municipais de 2024 aponta para outra realidade.
No estado, embora o PL tenha registrado um crescimento significativo, não conseguiu alcançar o maior número de prefeitos e vereadores eleitos em 2024, o que abriu caminho para a formação de novos arranjos políticos e a reorganização das forças locais. Surge, então, a pergunta: quem realmente lidera a direita em Mato Grosso?
O resultado das urnas revelou a ascensão de um segmento mais moderado da direita mato-grossense, beneficiando diretamente o partido do Governador Mauro Mendes e do Senador Jayme Campos, que saiu fortalecido do pleito municipal. Essa força política não apenas reforça a posição do União Brasil, mas também prepara o terreno para as eleições de 2026. As intenções de Mauro Mendes já estão claras: buscar uma vaga no Senado e lançar sua esposa, a primeira-dama Virginia Mendes, como candidata a deputada federal. No entanto, Mendes enfrentará desafios internos, especialmente na escolha do candidato ao governo estadual.
Sua preferência pelo atual vice-governador para concorrer ao Palácio Paiaguás contrasta com o desejo de Jayme Campos, que já declarou ser pré-candidato ao governo. Esse embate interno exigirá habilidade política para evitar rupturas dentro do partido.
Enquanto isso, outra força se desenha no horizonte. O fortalecimento do União Brasil, aliado ao Republicanos de Otaviano Pivetta, pode se tornar quase imbatível caso consiga atrair o PODEMOS para seu arco de alianças. A possível filiação do Presidente da Assembleia Legislativa, Max Russi, ao PODEMOS, com chances de ser candidato a vice de Pivetta, reforça ainda mais essa possível coalizão. Se isso acontecer, o PL pode ficar isolado no cenário estadual, com dificuldades para articular um projeto majoritário competitivo.
O cenário de 2026 trará novidades no número de cadeiras legislativas. A Câmara Federal passará de 8 para 9 vagas, enquanto a Assembleia Legislativa aumentará de 25 para 27 cadeiras. Isso ampliará as disputas, serão 84 candidatos concorrendo ao legislativo estadual, 30 à Câmara Federal e dois ao Senado, possivelmente Mauro Mendes e Jayme Campos. Nesse contexto, o diferencial estará na capacidade de articulação política.
Mendes e Campos precisarão de pragmatismo na construção desse arco de alianças, colocando interesses coletivos acima dos pessoais. A união entre União Brasil, Republicanos e Podemos pode formar a base de uma hegemonia quase incontestável, desde que bem estruturada e com foco estratégico.
O cenário político de Mato Grosso em 2026 será uma verdadeira prova de força para a direita do estado. O fortalecimento do União Brasil e suas possíveis alianças indicam que o partido tem tudo para protagonizar as próximas eleições. No entanto, o sucesso desse projeto dependerá da habilidade de Mauro Mendes e Jayme Campos em superar diferenças e unir forças, consolidando uma base forte e coerente.
A política é, antes de tudo, a arte de construir de dialogar. Se Mendes e Campos conseguirem alinhar suas visões, o arco de alianças formado poderá dominar o cenário eleitoral e redesenhar o futuro político do estado.
A pergunta que fica é: a direita mato-grossense será capaz de se unir e liderar o próximo ciclo político ou sucumbirá às suas próprias divisões?
(*) Ilson Galdino é advogado e servidor público municipal