No primeiro artigo com esse título, vimos que a Ciência Política nos revelou a existência de quatro elementos essenciais a serem considerados nas disputas políticas pelo Poder: o econômico, o político, o ideológico e as demandas imediatas.
O econômico é a base de tudo. Estão em jogo as relações sociais de produção, nas quais o Capital e o Trabalho disputam a apropriação das riquezas naturais e os produtos do trabalho humano. O político é a luta pelo Poder institucional que influencia na correção de forças das classes e segmentos sociais e determina quem comanda os aparelhos ideológicos e repressivos do Estado. O terceiro elemento é a ideologia. Trata-se das concepções morais e éticas da sociedade, dos símbolos sagrados e nacionais e dos usos e costumes de um povo. Finalmente, as demandas imediatas são as necessidades da população em ter uma vida digna e segura. Todos esses elementos são passiveis de manipulação por meio da difusão de ideias e ideais falsos, conhecida como massificação da consciência ingênua.
De um modo geral, a classe política se utiliza de sofisticadas tecnologias de comunicação de massa para abordar o eleitorado.
Nas eleições municipais é obrigação dos candidatos e seus partidos apresentarem um Plano Estratégico de Administração para o Município. No entanto, nem sempre eles revelam os seus verdadeiros propósitos. Ao invés disso, escondem os seus reais interesses e intenções. Vejamos, abaixo, algumas práticas de candidatos que querem iludir o povo.
A mais elementar é o populismo. O candidato se apresenta como o “pai dos pobres”, o “salvador da Pátria”, o heroico defensor dos valores humanos e morais etc. Geralmente, o político populista é megalomaníaco, se diz construtor de grandes obras. É, também, personalista – pessoa que se coloca como o centro de tudo e de todas as coisas. Ele cria a autoimagem de grande líder e é acompanhado de um grande número de asseclas.
Outra prática comum é o uso de Deus e da religião como “cabos eleitorais” para engambelar o povo. Esses candidatos associam sua imagem pessoal ao sagrado e o profanam despudoradamente. Eles sempre contam com o apoio de líderes religiosos oportunistas e hipócritas.
Tem aqueles que se dizem “iguais” ao povo. Esses invocam uma suposta origem humilde, uma profissão de relevância social (os professores são suas principais vítimas) e outras demagogias. Uma vez eleitos, entretanto, eles tendem a defender seus próprios interesses e dos grupos/segmentos organizados aos quais realmente servem.
Lembremo-nos que os programas eleitorais são produzidos por marqueteiros. Eles não têm compromisso com a verdade e escrevem os discursos para o candidato dizer o que o povo quer ouvir.
Então, como saber quem está ou não falando a verdade?
Primeiro, é preciso observar se o candidato está abordando os pontos programáticos do seu Plano Estratégico de Administração.
Outra coisa é verificar os verdadeiros valores morais e éticos do candidato. Mas há uma armadilha importante a considerar neste quesito: quando uma pessoa critica muito a outra, via de regra, ela está projetando no seu oponente o seu próprio defeito. Existem outras armadilhas de cunho psicológico relativas à relação persona e a sombra, por exemplo.
Uma dica para análise do discurso é observar as contradições entre o dito, o não dito, o suposto, o proposto e a prática do candidato. Por exemplo, em geral quem mais combate a corrupção pode ser um corrupto, quem mais enfatiza a questão moral pode ser um pervertido, quem mais fala de Deus pode ser hipócrita, etc.
Você, leitor, já percebeu que em todas as eleições, sempre as questões mais debatidas são saúde, educação, melhorias para os bairros, trânsito, emprego para os jovens etc. Usa-se esses clichês para tirar o foco das discussões principais relacionadas ao que dissemos no início deste artigo: o Plano Estratégico e a distribuição dos recursos públicos para as áreas prioritárias. Tratar as questões das demandas imediatas isoladamente indicam que as promessas são falsas, ditas para iludir o povo.
Diante do exposto, é fácil concluir que é difícil escolher um candidato. Mas, não é impossível. O mais importante é saber qual é o município que temos, o que queremos e quem pode realizar os nossos desejos saudáveis. O voto não nos garante nada, só nos dá esperança!
(*) Paulo Augusto Mario Isaac – psicoterapeuta junguiano, professor doutor aposentado pela Universidade Federal de Mato Grosso, Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Rondonópolis, membro da Academia Rondonopolitana de Letras (cadeira nº 5, patrono: Dr. João Antônio Neto)
Parabéns Professor Paulo Isaac. Um texto fantástico. É fundamental que povo busca amplitudes de conhecimentos. Assim terão consciência dos seus direitos.
Ótimo texto. Parabéns pela clareza! Abraços
Meu amigo Paulo Isaac, parabéns pelo artigo! Leitura perfeita do processo eleitoral mundo afora. O eleitor, ludibriado, acaba em grande parte sendo cúmplice. Por migalhas se submete a ser a alegria do circo. Não consegue mensurar o seu próprio prejuízo.
Espero que deus se movimente contra os vendilhões dos templos e o paisagismo não seja apocalíptico.
A Esperança & Renovação, que tornei lema, foram demolidos pelos tratores compradores de votos. Uma biografia de comprometimento e luta por alguns reais…
Parabéns, Dr. Paulo Isaac!
Artigo incrível, falou tudo e mais um pouco.
Infelizmente é a realidade do que virou a prática da política brasileira.
Se puder contribuir. Acrescento como teve aumento do pobre de direita.
Texto muitíssimo esclarecedor, pena que o povo quase não lê! Falta entendimento e par que isso aconteça é importante ter discernumento na hora do voto! Quanto menos o povo busca conhecimento mais fácil ser manipulado!