As convenções afunilaram e nortearam as campanhas dos pré-candidatos ao executivo e legislativo municipal na terceira maior cidade mato-grossense, que tem um orçamento anual de 2,3 bilhões. Daqui a pouco começam as divulgações oficiais das candidaturas, com promessas, planos de governo, programas de televisão e rádio, santinhos, preguinhas, praguinhas, colinhas, adesivos, perfurados, material impresso e digital, além da tão propalada demanda boca-a-boca, casa-a-casa, bairro-a-bairro, e haja sapatos.
Depois vem o voto, a urna eletrônica com aquele som característico, a apuração em tempo recorde, os votos contados, os eleitos, os suplentes, as indagações e, óbvio, os choros por não ter sido eleito. Daí, não adianta mais chorar a morte da bezerra, como diz o adágio popular.
Contagem, recontagem, recursos, negativas, rerratificação de votos, sonhos sendo realizados e bolhas com sonhos no seu seio a pipocar. Visitas, revisitas, leituras e releituras dos números do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, dos números pessoais e as possíveis respostas daquilo que não foi feito, ou poderia ter sido feito. Como diria o mago Francisco de Lagos: “A urna eletrônica nunca enche, então corra atrás do voto, porque pode faltar um na contagem final”.
Lá vem a cerimônia de diplomação, que é um ato pomposo de confirmação do seu pleito pleno. Na sequência a posse e sua pompa, e os primeiros atos legais, as fotos, a tribuna, o gabinete, e a festa democrática sendo realizada na sua plenitude.
Então, voltando ao hoje, concito os artistas votantes ou não, a escolher cada um o seu candidato, e esperamos que os candidatos à majoritária, que terão o poder da caneta, ouçam e coloquem nas suas propostas de forma clara o que pensam fazer sobre a nossa cultura com recursos do município, repito, do próprio município, para os seus filhos que tanto precisam de apoios para sobreviveram da arte e não ter que mudar de cidade ou de profissão para sobreviverem com o minguado pão.
Sabido é, que os pré-candidatos já fizeram ou farão compromissos e reuniões com parcelas da sociedade como é o caso da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Rondonópolis – CDL, da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Rondonópolis – ACIR, da Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis, entre outras, contudo não notamos o mesmo compromisso com o Conselho Municipal de Cultura, a Associação Poguba de Artesãos de Rondonópolis – APAR, a Academia Rondonopolitana de Letras – ARL, e outras entidades ou coletivos de artistas, ou ainda, com os próprios artistas.
A adoção de um edital anual mínimo para atender a classe, com recursos municipais, que são previstos em lei, como tem que ser: legal, lícito e moral. Aberto a todos e abarcando os segmentos culturais.
Sua excelência, Senhor Próximo Prefeito, com a data máxima venia, está usando os artistas na sua campanha, pois veja bem, a composição e produção do seu jingle, sua música, o estúdio, a edição, textos, arte de material de campanha, fotógrafo para a foto da urna e da campanha num todo, produção para jornais impressos ou eletrônicos, aprendizado das posturas corporais e ações teatrais, produção de conteúdo de qualidade, sistema de som e de iluminação, telão de led, carro de som, minitrio, trio, e tantos outros serviços, têm o dedo de um artista para a sua realização.
Vamos votar no Senhor, mas queremos a contrapartida dele, do nosso voto, que vossência nos enxergue com os olhos de um prefeito para todos, de que somos xis avos no meio do povo, e que esse número se soma ao seu total de votos para que seja o vencedor.
Aguardamos o seu plano de governo para vermos se estamos inseridos.
(*) Hermélio Silva é escritor e membro fundador da Academia Rondonopolitana de Letras, cadeira número 6
Boa Hermélio. Cada um deles tem que dizer qual é a percentagem da arrecadação a ser destinada para a Cultura. Parabéns pelo artigo.