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, 6 outubro 2024
 
 

Entre o ideal e o real existe o substrato da política

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(*) Prof. Dr. Ademar

A reflexão intenciona problematizar e ajudar a pensar o conteúdo, a forma e a concepção, que subjazem ao projeto político, sociedade e organização da cidade que se apresenta para a eleição municipal. Na vida cotidiana, está presente narrativa que ofusca a realidade política, para que a geração não acredita em mais nada. O real é que há um processo de desintelectualização da geração, como eixo de aniquilação da esperança e a alegria da luta para o bem-viver solidário.

Como educador, compreendo que a política é fundamental. É o motor que move a vida humana no espaço social, que envolve num processo de transformação do mundo real para o bem-viver digno. Em se tratando da ocupação do espaço da casa comum, enquanto agente público, que pauta ação pelo amor político, tem a responsabilidade de construir ponte que expressa a forma sublime de caridade, como dimensão da ação política. Mas a práxis da caridade, precisa da luz da verdade comprometida, para modificar as condições sociais que provocam a injustiça social e sofrimento dos pobres (Fratelli Tutti, n. 185-186). A questão é que o indivíduo desumanizado vai plasmando a desconfiguração do sentido na e da vida, na sua relação com o horizonte da política.

O que precisa ser refletido é que o mundo da política, é o espaço de todos, porque configura a arena para o debate saudável sobre o projeto de sociedade, visando o desenvolvimento do povo a serviço do bem-comum. Mas, entre o desejado e o real, existe o substrato da confirmação de sua existência, enquanto sujeito coletivo situado num tempo histórico social. Por isso, que enquanto humano que vive numa comunidade, a política é parte essencial da dimensão de sua existência.

No tempo de hoje é fundamental que o cidadão/cidadã, faz-se vida presente na organização e na luta popular que gera esperança e práxis, para que se efetiva a autonomia de sujeito, para transformar em realidade a construção da sociedade justa e fraterna, como promotora da emancipação social, a fim de que a sua comunidade se faz na relação de humanos irmãos, de fato e de direto. No substrato da política, a formação da consciência crítica e criativa, o que faz livre a serviço do outro, na conexão com a diversidade social, como espaço de luta, libertação e promoção humana.

O mundo da vida entre o ideal e o real, transita cosmovisão política, que move a relação social. De um ângulo, existe um modo estrutural que a exalta a lógica da aporofobia, inclusive na dimensão da prática religiosa. De outro está um modo de viver, organiza a vida de forma indissociável a compreensão da totalidade da vida humana, porque diz ao respeito a solidariedade, que envolve a luta dos pobres na defesa dos direitos fundamentais, para o resgate da dignidade humana e inclusão social.

No espaço do mundo antagônico subjaz a visão política que busca a introjeção do medo ao pobre, enquanto aparato ideológico para que permaneça a sua invisibilidade social. Mas na outra esfera, move o discernimento político constitutivo da fé libertadora, que vincula ao processo de organização da vida coletiva, visando a constituição da cidade educadora.

A questão central para pensar, é que parte da geração está se formando, para ser amarga e mergulhar no estado da violência. Fala-se bonito, sobretudo, no tempo de eleição, mas quando se refere a prática social produz a inversão do real. O que significa que o pobre sempre fica fora do orçamento público, na saúde, educação, transporte e moradia, etc
No campo político-social, o que apresenta enquanto visibilidade, está imbricada a defesa do paradigma que foca na condução política da moralidade conservadora, a imagem e semelhança da economia de mercado, estruturada no obscurantismo vertical fetichismo ao modo da propriedade privada.

É significativo compreender que o humano não transita no mundo de forma neutra, porque está situado num tempo histórico, configurado como síntese do diverso aberto. Por isso, que a realidade do mundo político navega na contradição, no aspecto de concepção e prática. Mas na perspectiva da construção de outro mundo possível, faz-se urgência investimento na formação de sujeito coletivo, para que possa afirmar a manutenção da “unidade estrutural fé-política quanto a autonomia relativa da fé e da política, que não se reduz uma a outra” (Aquino, 2011). A radicalidade da democracia, exige educação cidadã que potencializa a nova geração, para que assuma a construção da cultura política que respeita a diversidade, os direitos humanos e combate o bom combate que contrapõe a desigualdade social.

O que implica que no mundo real da política e administração pública, para construção da cidade e radicalização da democracia popular, é preciso orçamento participativo, sabedoria, coragem e desenvolvimento político, para transformação das estruturas injustas da sociedade. De modo peculiar, para o cristão-leigo, é necessário vigilância, ficar atento, para discernir, o que está em disputa no tempo da eleição. A problemática da mediação da política e da fé, implica a compreensão de mundo que transita entre o ideal e o real, alicerçada a base teórica das ciências sociais, teologia, cristologia e igreja. Na arena da política, é importante pensar e agir, com e por quem gosta e luta pelo povo na comunidade real.

(*) Prof. Dr. Ademar de Lima Carvalho/UFR

 

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