(*) Mikaelly Cristina
Neste artigo apresenta-se reflexões baseadas em observações e pesquisas em fontes históricas a respeito da Praça dos Carreiros. Trata-se de um Bem Cultural relevante em suas dimensões material e imaterial, portanto adequado para ser Tombado para o Patrimônio Histórico do município, conforme exigência do Ministério Público durante o acompanhamento e aprovação do projeto de sua revitalização.
Tal estudo tem como objetivo “Investigar a importância desse espaço físico que representa a memória dos sujeitos históricos que residem nesta região”; bem como, “Contextualizar a História da Praça dos Carreiros em relação ao desenvolvimento econômico, social, cultural e político do município de Rondonópolis”.
Então, pergunta-se: A Praça dos Carreiros foi Tombada pela prefeitura? E o Ministério Público, com isso? Como é feita a Gestão da Praça? Quem é responsável pela Praça dos Carreiros?
Praças, enquanto área verde, são vitais para as cidades. No caso, desta em estudo, além de ser um espaço de passagem para a população que utiliza o transporte público, também é um lugar de interação social e interétnica, mantendo viva a história dos imigrantes e do Povo Bororo.
Compreende-se esta Praça, como Patrimônio Cultural Imaterial, porque ali, se desenvolveram práticas, tradições e habilidades que são transmitidas de geração em geração, e que são consideradas essenciais na construção da identidade cultural do município. Nesta Praça, foram realizadas manifestações de movimentos sociais, festas, rituais, músicas, danças, culinária e muito mais… As políticas, nacional e internacional de preservação do patrimônio cultural imaterial, recomendam a proteção e conservação dos LUGARES, para que se mantenham vivas as heranças culturais das sociedades.
A Praça dos Carreiros também é Patrimônio Cultural Material, visto que detém monumentos como os “carros de boi”; as construções históricas, como o Coreto, a Fonte e o o Palco das Bandeiras; sendo que este elementos foram restaurados e reformados e precisam ser protegidos, com a finalidade de manter e transmitir às gerações atuais e futuras, os testemunhos materiais da História e da Cultura Regional.
No ano de 1950, a Praça em que, nos dias atuais, podemos perceber facilmente a presença de uma arquitetura moderna, não passava de um grande terreno de estrada de terra com algumas árvores. Nesta época, justamente por possuir essas características, aquele local era ponto de descanso, não só para os viajantes, mas também para os animais como os cavalos, mulas e bois que carregavam mudanças, mercadorias que seriam vendidas nas cidades de mineração vizinhas. Nesse contexto, a Praça foi nomeada, como uma homenagem a esses carreiros que chegaram na região.
Na década de 70, o lugar passou a ter maior notoriedade e importância, pois foi justamente nesse período, que se organizou a Feira Livre da cidade, onde os comerciantes apresentavam suas mercadorias, que iam de alimentos das roças, pomares, pescados nos rios e objetos industrializados. Os feirantes espalhavam os produtos pelo chão, sobre lonas; em barracas improvisadas; no bagageiro das bicicletas cargueiras; em caixotes e na carroceria das charretes e carros. Esse comércio na Praça foi essencial para o desenvolvimento da cidade, pois o comércio na Praça chamava a atenção dos comerciantes que viam o território como uma ótima oportunidade de crescimento nas vendas de suas mercadorias.
A Praça dos Carreiros, se localiza em área central, contornada pelas ruas Dom Pedro II, Rio Branco e as avenidas Marechal Rondon e Amazonas. Foi inaugurada no ano de 1982, pelo prefeito Walter de Souza Ulysséia. Foi um LUGAR de encontro entre os moradores e viajantes que vinham das proximidades rurais de outras partes do país.
Passados quase quarenta anos, já na primeira década do século XXI, havia significativo descontamento da população com o abandono da Praça dos Carreiros, e essa solicitava do poder público sua revitalização. Sendo atendida só em 2019.
A restauração e modernização da Praça, significou o embelezamento com respeito às suas características históricas, tal fato, despertou o interesse dos adultos e crianças que passaram a frequentá-la, recuperando seu valor como espaço de socialização, contudo, atualmente, o Poder Público e os usuários negligenciam seus cuidados, sendo o local marcado pelo lixo e a danificação dos monumentos.
Por tudo que vimos nesse artigo, afirmo que a maioria da população de Rondonópolis desconhece a História da Praça dos Carreiros, então sugiro que os responsáveis públicos pela EDUCAÇÃO, CULTURA, MEIO AMBIENTE, TURISMO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E OUTROS… façam o Tombamento Cultural Material e Imaterial da Praça dos Carreiros. E que estes mesmos órgãos e outros, façam a GESTÃO DO PATRIMONIO CULTURAL EM RONDONÓPOLIS por meio de Programas e Projetos educativos de acolhimento a crianças e adultos: que construam painéis com fotografias e textos Históricos; que guias de turismo, guias culturais e guias históricos atuem nesta Praça fazendo Educação Ambiental, Histórica, Patrimonial, Museológica e Turística.
(*) Mikaelly Cristina Evaristo da Silva, tem 21 anos, é uma estudante do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR).
Não podemos expulsar os andarilhos, vândalos e desocupados de lá, pois eles tem direitos e esquerdos, são donos do local! Nós que busquemos outros locais pra frequentar!
Gostei das sugestões. Belo texto! A título de comparação, há, por exemplo, a Praça Tubal Vivlea, no Centro de Uberlândia-MG e a mesma faz jus àquilo que é designado a uma Praça. Praça é um lugar de contemplação, de sociabilidade, de harmonia entre o concreto e a natureza, etc. Mas infelizmente, algumas praças em Rondonópolis são até cercadas. Realmente precisamos de uma conscientização sobre a importância das praças públicas para a sociedade como um todo. E, em se tratando do Histórico da Praça dos Carreiros para Rondonópolis, ela é primordial a todos nós rondonopolitanos de nascimento e de opção.
Belo texto, com uma excelente reflexão!
Abraços literários!
Aires José Pereira é professor Dr. do curso de Geografia e do Mestrado em Gestão e Tecnologia Ambiental da UFR, membro da ARL e coautor do Hino Oficial de Rondonópolis