Os registros de casos de racismo no futebol cresceram cerca de 39% em um ano, segundo o 10º Relatório da Discriminação Racial no Futebol, divulgado nesta quinta-feira (26), na sede da CBF, no Rio de Janeiro. A edição 2023 do documento foi divulgada no auditório da CBF, pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol. O trabalho foi feito em parceria com a CBF e o Grupo de Estudos sobre Esporte e Discriminação da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
De acordo com o Observatório, 136 casos de racismo foram registrados em 2023, um aumento de 38,77% em relação ao ano anterior, quando foram anotados 98 incidentes.
Desde 2016, observa-se um avanço anual, à exceção em 2020, em função da pandemia do novo coronavírus. Em relação a 2014, primeiro ano do monitoramento realizado pelo Observatório, os incidentes aumentaram em 444% (de 25 para 136).
“O aumento dos casos reportados em relação à temporada anterior reforça a gravidade do problema e os desafios persistentes, que urgem, mais do que nunca, ações inovadoras, efetivas e continuadas, de forma a romper com a passividade e a cumplicidade histórica com o racismo”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o primeiro negro a comandar a CBF em mais de 100 anos de história da instituição.
“Acreditamos que a batalha contra o racismo, em suas diferentes formas, não pode ser vencida de forma isolada. Somente a cooperação entre os diferentes agentes que integram nossa sociedade poderá assegurar às futuras gerações um mundo em que o respeito e a dignidade sejam valores universais, e não exceções”, acrescentou Ednaldo Rodrigues.
“Esse dado não é só ruim. Também apresenta uma evolução importante, que é uma maior conscientização dos torcedores e dos jogadores. Se a gente tem mais denúncias, é porque a sociedade brasileira está mais atenta a entender o que é racismo e as suas diversas formas de expressão”, completou o fundador e diretor executivo do Observatório, Marcelo Carvalho.
O relatório oferece também descrição e desdobramentos de cada caso e destaca outros relacionados a demais tipos de discriminação e violência, como abuso sexual, assédio, gordofobia, apologia ao nazismo e política.