Mesmo com o fantasma da repressão de 2017, que deixou quase 100 mortos já durante o governo Maduro, gerando medo após o aumento das ameaças do líder chavista, milhares de venezuelanos saíram às ruas neste sábado (3) em protesto contra o que consideram ser a reeleição fraudulenta do presidente Nicolás Maduro.
A líder da oposição, María Corina Machado, que estava escondida por temer pela sua vida, juntou-se aos protestos em Caracas.
Maduro também convocou uma manifestação de apoiadores e acusou a oposição de planejar um ataque nas ruas.
María Corina Machado foi recebida na manifestação de rejeição dos resultados oficiais das eleições presidenciais com gritos de “liberdade” pelos milhares de participantes.
A autoridade eleitoral venezuelana, vista por críticos como parcial ao partido socialista da situação e como sendo mais uma das instituições controladas pela ditadura, proclamou Nicolás Maduro como vencedor da eleição do último domingo (28 de julho), ao contabilizar que ele teve 51% dos votos contra 46% do candidato da oposição, Edmundo González. A entidade reafirmou uma margem similar na última sexta-feira (2).
O resultado eleitoral motivou alegações generalizadas de fraude e diversos protestos em meio a denúncias por parte da oposição (e de países da região), que foram combatidos pelas forças de segurança do governo Maduro, que os classificou como parte de uma tentativa de golpe de Estado patrocinada pelos Estados Unidos.
Até agora, pelo menos 20 pessoas foram mortas nos protestos depois da eleição, além de centenas de feridos, de acordo com o grupo de defesa de direitos Human Rights Watch. Outras 1,2 mil foram presas em conexão com as manifestações, segundo o governo, e que iriam ser enviadas para um presídio de segurança máxima.
Segundo a imprensa internacional, as atas de votação, que são os registros das seções eleitorais que comprovam os dados da votação, não foram apresentadas.
A oposição afirma ter provas de fraude e apresentou um site no qual publicou cópias de 84% das atas de votação em seu poder. Com isso, informaram que González recebeu 67% dos votos. O chavismo afirma que os documentos são forjados.
O ditador também intensificou as ameaças contra os líderes da oposição, que foram obrigados a permanecer escondidos.
*Com informações da Reuters, Lusa e RTP