A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) anunciou ontem, 7, que 1.520 presos autorizados a passar o Natal e ano novo nas ruas não voltaram para o sistema prisional paulista. O número corresponde a 7,41% dos 18.994 indultados.
Os que desrespeitaram a data de retorno, a partir de agora, são considerados foragidos e, se forem recapturados, serão enviados para o regime fechado. No fim de 2007, dos 17.968 detentos beneficiados, 1.143 não regressaram para as prisões, o que equivale a 6,37% do total.
Um dos casos de indultados que não voltaram para a prisão é, no mínimo, curioso. O cirurgião plástico, escritor e presidiário Hosmany Ramos, de 61 anos, preso desde 1981, convocou jornalistas para anunciar que não voltaria do indulto de Natal. De acordo com a nota enviada a imprensa, ele afirmou estar “consciente do radicalismo de sua decisão”, mas que faria isso para “denunciar a corrupção do sistema carcerário”.
A provável fuga não seria a primeira. Nos 27 anos em que está preso, ganhou fama por suas escapadas mirabolantes. Seu maior feito foi fugir do Presídio de Segurança Máxima de Taubaté, o que poucos conseguiram. No Dia das Mães de 1996, Hosmany saiu do Instituto Penal Agrícola de Bauru e não voltou. Na época, disse que iria fazer um curso de explosivos no Exército Republicano Irlandês (IRA), na Irlanda do Norte. Um mês depois, foi baleado e preso em Campinas. Ele participara do sequestro do fazendeiro Ricardo Rennó, de Minas. Foi condenado a mais 30 anos.