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A segurança que os avanços científicos trazem para a agricultura

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(*) Andreia Ferraz

Atualmente, muito se fala sobre pesticidas, o impacto desses produtos na produção agrícola brasileira e a expectativa do mercado por opções mais eficazes. Mas o que pouco se aborda é exatamente a ciência por trás de um novo produto fitossanitário e todo o complexo e minucioso processo que resulta em opções mais modernas e seguras.

A cadeia de produção de um novo defensivo é composta por três etapas: a pesquisa de moléculas, os testes de desenvolvimento do produto em si e os procedimentos de avaliação para a obtenção do registro. Durante a fase de pesquisa, aproximadamente 160 mil moléculas são sintetizadas, em busca de ingredientes com potencial para serem usados em novos produtos, cada vez menos tóxicos e mais específicos para determinadas pragas e para atender diferentes culturas agrícolas. Depois da triagem, esses compostos passam por inúmeros testes preliminares, que envolvem análises ecotoxicológicas, alertas de modo de ação e estudos virtuais e in vitro, para garantir a eficácia biológica e a segurança do material. Após toda essa análise, entre 200 e 300 moléculas – menos de 0,2% das originais – são selecionadas para o estágio seguinte.

Na fase de desenvolvimento, testes de eficácia biológica são feitos em cerca de 5 moléculas selecionadas e, a partir daí, uma variedade de formulações é desenvolvida e submetida a estudos toxicológicos experimentais e a ensaios sobre o destino no ambiente. A partir desse momento, são avaliados os potenciais genotóxicos, cancerígenos, imunotóxicos, neurotóxicos e também efeitos sobre os sistemas endócrinos e reprodutivos. Como se pode ver, há um grande avanço científico, não só no desenvolvimento de produtos com melhor perfil e nas formas de uso desses produtos, mas, principalmente, na ciência aplicada aos procedimentos que suportam as avaliações, como modelos matemáticos que trazem análise de risco ocupacional, dietético e ambiental.

Por fim, na fase de registro, uma molécula é selecionada e sobre ela é entregue um dossiê para os órgãos reguladores responsáveis – MAPA, Anvisa e Ibama – contendo todos os estudos de eficácia e segurança realizados, para que possam analisar os dados e decidir se concedem ou não o registro.

Em resumo, todo esse processo, que costuma levar de 17 a 20 anos e tem um custo médio de US$ 286 milhões, considerando desde o início das pesquisas até sua comercialização, está respaldado em uma enorme evolução científica e comprometido com o desenvolvimento de produtos com melhor perfil toxicológico, baseados em processos que nunca foram tão precisos.

Para que os investimentos sigam sendo feitos nesta área, é essencial que haja previsibilidade no processo regulatório. Hoje no Brasil se leva em média 8 anos enquanto outros países de agricultura relevante aprovam novas tecnologias em 2,5 anos em média. Este cenário precisa mudar o mais rápido possível para o bem da agricultura brasileira.

(*) Andreia Ferraz é engenheira-agrônoma pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e gerente de Ciência Regulatória da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

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