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Rondonópolis
 
 

Polícia aperta o cerco contra o aumento de roubos de cargas

Derf de Rondonópolis vem atuando com foco de desarticular as quadrilhas que atuam nesse tipo de crime

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Ação dos criminosos visa, principalmente, o roubo, furto ou saque de carregamentos de soja ou farelo de soja e de milho (Foto – Arquivo)

A elevação dos custos das commodities com a pandemia ocasionou um aumento na ocorrência de crimes como roubo, furto e saque de cargas em Rondonópolis e Mato Grosso. Dados da Polícia Judiciária Civil mostram que, em 2020, foram registradas 89 ocorrências de roubos de cargas, 82 de furtos e mais 72 de saques no Estado. Em Rondonópolis, foram 26 registros desses tipos de crime no ano. Diante da situação, a Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Rondonópolis vem atuando com foco de desarticular as quadrilhas que atuam nesse tipo de crime.

 

 

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Em entrevista ao A TRIBUNA, o delegado da Derf de Rondonópolis, Santiago Sanches, explica que houve um aumento nas ocorrências desse tipo de crime na cidade visando principalmente, o roubo, furto ou saque de carregamentos de soja ou farelo de soja e de milho.

Ele aponta a valorização das commodities com um dos fatores que contribuem para que as quadrilhas intensifiquem a ação na cidade. “Hoje percebemos que com o preço das commodities mais elevado, ocorreu uma redução no roubo dos caminhões, por exemplo. Eles focam na carga e abandonam os veículos. Diferente de anos anteriores, quando o caminhão também era roubado. Os crimes também aumentam nos períodos de safra”, relata.

Santiago Sanches, delegado da Derf Rondonópolis (Foto – Divulgação)

O delegado explica ainda que na região também é comum o saque de cargas, que é quando os criminosos se aproximam do caminhão em locais onde o motorista precisa reduzir a velocidade, abrem o compartimento de carga para que essa caia na rodovia. Na sequência, os criminosos recolhem a carga que caiu e a revendem. Neste caso, como nos de furto, não há o emprego da violência. “Este ano já tivemos pelo menos 10 prisões de pessoas envolvidas no saque e furto de carga”, afirma.

Já as ocorrências de roubo acontecem mediante o sequestro do motorista com uso de ameaças graves e violência. O motorista após ser rendido, geralmente é mantido em cárcere enquanto a carga é levada e carregada, sendo libertado pelos criminosos somente depois que a carga já estiver no destino desejado. Segundo Sanches, essa dinâmica utilizada pelas quadrilhas em manter o motorista preso enquanto o roubo se consuma atrapalha o trabalho da polícia, pois quando a denúncia chega aos policiais raramente é possível recuperar a carga. Também é um fator que dificulta a identificação dos criminosos e prisões em flagrante.

“O que percebemos em si é que Rondonópolis não tem uma grande incidência de roubos. O que acontece é que as quadrilhas são de Rondonópolis, mas não executam os roubos na cidade e sim nos municípios de Jaciara, Poxoréu e Pedra Preta, principalmente. Inclusive há pontos conhecidos e específicos de roubos nestas cidades. São locais em que os caminhões transitam em baixa velocidade e eles (criminosos) aproveitam o momento de redução da velocidade para desconectar peças do caminhão de maneira que o motorista seja obrigado a parar e acaba rendido pelos assaltantes”, relata o delegado.

As quadrilhas que atuam neste tipo de crime, geralmente, de acordo com o delegado, são estruturadas e atuam no roubo, na adulteração da carga (crime de estelionato) e na receptação. Um exemplo deste modo de atuação é uma quadrilha que atuava em Rondonópolis e foi desarticulada pela Derf durante a realização da Operação Carga Máxima, que teve a primeira fase deflagrada no dia 25 de março, que resultou na prisão de nove pessoas, e a segunda fase realizada no dia 10 de maio, quando o suposto líder do grupo foi preso e bens foram apreendidos. As investigações com relação a essa quadrilha ainda estão em andamento e novos desdobramentos podem ocorrer, conforme Sanches.

Nas investigações que resultaram na prisão de 10 integrantes desta quadrilha de roubos de carga, o delegado explica que foi possível verificar que havia organização e divisões de tarefas. “Eles praticavam o roubo de carga e quando isso não era possível também aliciavam motoristas para a adulteração das cargas, que é quando misturam areia, terra ou outro produto de baixo valor junto à carga antes de embarcá-la no terminal ferroviário, onde pode ainda ocorrer o auxílio de classificadores para que a carga adulterada não seja identificada”, relata. Por fim, a quadrilha também atuava na receptação das cargas roubadas.

A quadrilha era muito bem articulada e movimentava grandes valores. “Conseguimos identificar que eles emitiam até mesmo notas fiscais das cargas roubadas. Um levantamento demonstrou que, neste caso, a empresa envolvida emitia muito mais notas fiscais de saída de cargas do que de entrada, o que é um movimento atípico. Agora, as investigações seguem em relação à identificação dos receptadores”.

O delegado ressalta que para contribuir na prevenção desse tipo de crime, os proprietários de transportadoras devem manter rigoroso controle na contratação de motoristas e que se possível, mantenham a rastreabilidade de seus caminhões, acompanhando em tempo real a saída e destino da carga e qualquer anormalidade identificada no trajeto deve ser informada à polícia. “Algumas dessas quadrilhas utilizam até mesmo bloqueador de sinal de GPS, que já foram, inclusive, apreendidos por nós. É preciso tentar monitorar em tempo real o transporte da carga. Mesmo assim, os crimes podem ocorrer”, finaliza.

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