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Patrimônio cultural não é lixo, patrimônio é memória e história

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Durante toda a história do homem, marcas de sua vida foram deixadas em monumentos, pinturas, documentos e em todas as suas formas de produção, constituindo, assim, vestígios da vida humana. O ser humano é movido por reflexões sobre sua existência, e foi a partir dessa premissa que estudos ligados à busca da compreensão do próprio “eu” têm causado movimentos religiosos, científicos e artísticos. Essas marcas geram até hoje a curiosidade da humanidade, que busca entender seus antepassados, por meio dos patrimônios entremeados no processo histórico mundial. Esses monumentos trazem características de civilizações que auxiliam na formação de uma identidade nacional.
A História só ganha vida quando, através do patrimônio, se reconhece como identidade de um povo, de uma nação, pois é a historicidade que desempenha o papel de diferenciador de cada cultura e etnia. O patrimônio pode ser material ou imaterial em vertentes históricas, folclóricas ou ambientais. Todas essas categorias quando unidas são como pergaminhos que remontam a História e a Cultura de um determinado povo. Aprendemos que os egípcios, os inventores das grandes pirâmides, usando a matemática e a geometria, descobrimos que novos horizontes foram encontrados por homens em caravelas e desvendamos que cultura não é primitiva e, sim que cada etnia apresenta uma forma de controlar e compreender seu meio. Assim, podemos dizer que o patrimônio, independente de sua classificação, é como um livro que nos ensina a cada dia em que cuidamos do que um dia pertenceu a nossos antepassados.
O período da Revolução Francesa é o mais importante para o início da organização do patrimônio como fonte de estudo e provas científicas para formação de um conceito de identidade nacional. Esta “Revolução” danificou os patrimônios existentes, muitos foram destroçados, igrejas foram incendiadas, estátuas foram derrubadas ou decapitadas, castelos foram saqueados. O termo “vandalismo” foi extenso e o peso balanço das destruições trouxe preocupação. Tendo este fator como exemplo: devemos nós continuarmos a destruir nossas memórias? deixaremos que essas lembranças e histórias de vida se percam e assim não podermos ter uma identidade como nação? Observe o que na história, Napoleão Bonaparte fez pensando na destruição desses patrimônios.
Como dizia Mário de Andrade: “Defender nosso patrimônio histórico e artístico á alfabetização”, pois estes são as vestígios de nossa existência nacional, nossa integração como agentes políticos e sociais de um processo de relações internacionais. No Brasil, a concepção de patrimônio está vinculado com a necessidade de forjar uma identificação nacional. A isso a história vem com o propósito de mostrar as características do povo brasileiro, ou seja, por meio dos vestígios deixados por nossos antepassados podemos reconstituir o histórico de nossa origem, considerando as fundamentações legais. Durante o século XX, muitas lutas foram marcadas pela proteção do patrimônio histórico, artístico e ambiental. Atualmente, o Estado tem o dever de cumprir o papel de proteger, considerando a lei vigente, pois pela Constituição Federal, os poderes federal, estaduais e municipais devem zelar por todos os patrimônios de diferentes formas. Porém, a realidade é algo a ser refletida, observamos patrimônios arquitetônicos serem dilacerados, com finalidade de novas construções que na sua maioria das vezes descaracterizam o local, alterando o meio urbanístico da cidade, desconstruindo sua memória e sua sem preservar a identidade.
Mato Grosso é um espaço rico de uma diversidade patrimonial, que vão desde o material ao imaterial, patrimônio este que remonta aos tempos coloniais, porém corre o risco da perda total, descaracterizando seu passado, em ações que pensem em lucros e desenvolvimento sustentável sem controle dos resultados, para isso cabe aos poderes públicos a sociedade civil organizada constituir parcerias para preservação dos bens materiais culturais mato-grossenses, bem como catalogação e estudo de todas as fontes imateriais, gerando assim uma identidade regional, conscientizando a população com programas realizados por instituições sem fins lucrativos que tornam a cultural uma fonte de desenvolvimento sustentável.
Esse texto, apenas procura provocar um debate sério e urgente em nossa cidade, de que preservar não é necessariamente restaurar bens arquitetônicos do passado ou colocar uma moldura numa grande obra, mas preservar é saber fazer com que o patrimônio se torne parte de sua sociedade no contexto moderno, sem se tornar locais de entulhos, ou abandonados, que as histórias de assombrações sejam parte significativa da magia do local, pois Patrimônio cultural não é lixo, patrimônio é memória e história. Pois, muitas das discussões aqui elencadas possuem a finalidade no preservar o local e qual seu uso têm sido foco de discursos políticos e discussões acadêmicos, ainda que se tenha nenhuma conclusão plausível, apenas que esses locais podem se transformar em espaços de atividades para a sociedade desde históricos, culturais, turísticos, educacionais e sociais.

(*) Ludmila Pena Fuzzi, profa. de História em Taubaté/SP, fundadora do Instituto de Pesquisa Histórica e Ambiental Regional, coordenadora dos Museus da Região do Vale Histórico/SP pelo Sistema de Museus de São Paulo (SISEM) e Pós-Graduada em Políticas e Sociedades do Brasil Contemporâneo – Universidade de Taubaté (UNITAU).

(**) Ney Iared Reynaldo é doutor em História da América Latina, docente em História Econômica Geral, nas Ciências Econômicas e coordenador do Curso de História

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